
Gostava de vos falar de duas coisas que achei curiosas, e que vi nos telejornais. Foram à terra onde Saramago nasceu, ali no concelho da Golegã, onde um senhor da mesma idade que ele se mostrava indignado por nenhuma parte das suas cinzas ter regressado à terra onde nasceu. E aqui acabaram as coisas boas que o senhor tinha para dizer em relação a Saramago. Nasceram na mesma altura, conheciam-se e a partir daí, como ele era pobre e teve pela primeira vez um par de sapatos no dia em que se casou,era injuto o Saramago ser famoso e ter dinheiro. Mas isto só porque os pais de Saramago o ajudaram a vir para Lisboa e educar-se ao contrário dos seus que o fizeram trabalhar toda a vida. Chamou-o ingrato porque quando ia à Golegã, fazia de conta que não o conhecia e mais umas críticas fervorosas do género. A jornalista perguntou-lhe até se ele gostaria de trocar de vida com Saramago, ao que o senhor respondeu: claro, nem pensava duas vezes, mesmo já tendo morrido.
Gostava também de falar de Pilar del Rio. Esta senhora não verteu uma lágrima. O amor da sua vida morreu perante os seus olhos, provavelmente nos seus braços, e ela manteve-se intocável. Eu não consigo imaginar a dor pela qual ela está a passar, mas imagino que seja absolutamente dilacerante. Eu falo como pessoa que tem ao seu lado alguém que ama e que acha absolutamente inconcebivel a vida sem ela. Agora imagino uma vida tão perfeita e de devoção um pelo outro como ela e Saramago tinham e saber que ela teve de presenciar essa pessoa e essa vida a desaparecerem em frente a si, sem poder fazer nada. Parte-me o coração.

Saudações da Anita
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