terça-feira, 7 de setembro de 2010

Azar ao amor? Sacrifique uma vaca

Antes de mais...tenho saudades do Global. Era o meu jornal gratuito de eleição. Agora I'm stuck com o Destak. Foi a lê-lo que me ocorreu um bom tema para escrever.

Toda a gente tem problemas, sejam conscientes ou não, há sempre alguma pedra no nosso sapato, por mais felizes que estejamos. Mas, como se costuma dizer, se "Se é chato coça, se coça faz ferida, se faz ferida vai ao médico, se vai ao médico paga, se paga é chato, se é chato coça....". Porque é que as pessoas desesperam para resolver problemas a qualquer custo? Como é que há pessoas que se deixam cair em falcatruas que as levam à falência, aumentando ainda mais os seus problemas? Conheço duas situações que me revoltam porque considero tão obtuso que me faz realmente acreditar que Portugal está cheio de tansos, ingénuos, ignorantes e incapazes de discernir o certo do errado.

Uma delas é a igreja do Reino de Deus. Essa espécie de instituição dita "religiosa" pode realmente dar aos seus "ovelhinhos" uma nova razão para viver. Que é encher-lhes os bolsos de dinheiro. Mas de certa forma, há coisas que eu consigo entender. Quando aquilo que as pessoas realmente necessitam é um bocadinho de fé, as igrejas deste tipo dão-na. Aliás, incentivam as pessoas a ter esperança que TUDO se pode realizar. Ás vezes o que é necessário é alguém dizer "Tu és capaz, isso vai acontecer, tu vais melhorar" e eles dizem-no. O problema é que pedem dinheiro e fazem as pessoas acreditarem que é essa doação que faz com que a sua fé e esperança voltem. Não brinquem comigo, porque é que estão sempre enormes carrões, topo de gama, à porta das igrejas? É alguma espécie de dividendo de Deus por atrairem crentes? Sou completamente contra as pessoas que pretendem vender a fé e os milagres "atidos" a essa fé. Mas sou ainda mais a favor dos frequentadores abrirem os olhos e pararem de dar dinheiro a esses grandes chulos. Vão a uma igreja a sério se são crentes, lá corre um cesto para dar dinheiro, mas ninguém vos olha de lado se não puderem dar e se tiverem a mais têm caixas de esmolas onde podem dar se quiserem. No Reino de Deus é "Queres? 5000 euros".

 Mas isto ainda é o menos. Conheço duas pessoas que já consultaram um daqueles mil "professores" videntes, curandeiros, bruxos, que fazem curas milagrosas para tudo, desde dores de barriga a traição marital. Um senhor que eu conheço teve um problema com a mulher. Traiu-a e ela deixou-o. Mas ele arrependeu-se muito e queria-a ter de volta a qualquer custo. Então visitou um dos professores. Quando lá chegou, entrou numa sala forrada a panos de seda com cores muito berrantes, roxos, rosas e afins e avistou no fundo da sala, um senhor vestido de turbante azul, sentado, com o cotovelo numa mesa, com a cabeça apoiada na mão, a olhar para uma pequena televisão que estava atrás dele, num daqueles suportes altos de parede. O cliente sentou-se. Ele disse bom dia. O cliente começou a falar e ele manteve-se na mesma posição, a olhar para a televisão, onde estava a dar a telenovela. O cliente falou durante cerca de 20 minutos, a dizer o que o trazia ali, até que se cansou de falar para o boneco e perguntou-lhe se ele podia ouvi-lo e dizer qualquer coisa. E o professor respondeu:

- Os espíritos falam comigo através da televisão, eu estou a ouvi-lo, mas eles estão me a dizer as respostas que você procura e no final de me contar a sua história eu já vou ter a solução para todos os seus problemas.

E o senhor que eu conheço continuou a falar, enquanto o professor via a telenovela ( =S ). No final, a solução era muito simples. Se ele queria ver o problema resolvido, pagava 1500 euros de sinal, trazia algum cabelo da senhora, uma fotografia, uma galinha preta viva, esperava quinze dias, voltava lá para saber se tinham havido progressos, pagava mais 1500 euros se ainda não tivesse sido resolvido, porque era sinal que era muito forte e tinha de levar mais pertences da senhora, uma peça de roupa ou algo parecido e novamente uma galinha preta, e finalmente quando fosse resolvido, pagaria 5000 euros. Acham que se resolveu alguma coisa? Não, não se resolveu nada. Acham que ele alguma vez conseguiu reaver o seu dinheiro? Não, claro que não. Ele chegou efectivamente a pagar os 5000 euros, porque a mulher lhe tinha ligado e isso para o professor, era o início das conversações de paz e no espaço de um mês estaria tudo resolvido. Já lá vão quase dois anos. Eles continuam separados.

O outro senhor foi bem pior para mim. Não tanto pelo dinheiro, a quantia não foi muito diferente, mas foi o que ele teve de fazer, a mando de outro dos professores que consultou. Este tinha um problema relacionado com o emprego. Ele tem uma doença mental degenerativa que lhe estava a toldar a capacidade de efectuar o seu trabalho. Quando lá foi, recebeu logo o chá - "eu sei o que se passa consigo, preciso que você me pague 2000 euros e se encontre comigo num sítio que eu lhe vou indicar amanhã de manhã, numa mensagem escrita". Toma lá os 2000 euros, no dia seguinte recebeu uma mensagem a dizer para se encontrar com ele num descampado ali para os lados da Amadora e quando lá chegou, estava lá o senhor e uma cabra. O que ele teve de fazer foi matar a cabra, sangrá-la, fazer umas rezas, beber um bocado do sangue e ir embora para casa esperar resultados. Passado um mês, continuava à espera. Pagou mais 3000 euros, pelo resultado que chegaria. Isto foi há cerca de 3 anos, ele hoje está reformado por invalidez.

Não se deixem enganar por esses charlatões.

Saudações da Anita

1 comentário:

  1. Credo!A mim também me faz muita confusão como é que o desespero das pessoas pode chegar a situações tão extremas. Eu também sei umas quantas histórias, uma delas hilariante (se quiseres saber como se afastam pessoas da vida de outras pergunta-me como que eu sei a resposta lol). Não sei os valores que as pessoas pagaram mas provavelmente devem rondar estes que falas.

    Já estive numa situação que se pode considerar desesperante, temos de levantar a cabeça e enfrentar as cenas. Não recorrer a charlatões que á custa de muito dinheiro apenas ajudam as pessoas a enfiar a cabeça na areia.

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