quarta-feira, 16 de junho de 2010

História do dia - Don Ritchie

Gostava de vos falar sobre uma coisa que li e que me inspirou. É uma daquelas coisas que acontece na vida real mas que achamos que só acontecem nos filmes. No entanto estamos errados, há efectivamente coisas que nos deixam a pensar e que são absolutamente incríveis e inacreditáveis.

Na Austrália, há um precipício chamado "The Gap" e que é um chamariz de pessoas com tendências suicídas, para dar termo à sua vida. Por trás desse mesmo precipício, existe uma vivenda de dois andares, onde mora um senhor de 82 anos, Donald e a sua esposa, Mary. Ambos reformados, ávidos viajantes de todo o Mundo, pais de três meninas e avós de outras três. Felizes, com um daqueles amores à moda antiga, que já não existem nos dias de hoje, dividem o seu tempo a ler livros e a vislumbrar a vista magnífica que têm da sua varanda.

O marido, Donald Ritchie, levanta-se todas as manhãs e vai até à sua janela, de onde vislumbra transeuntes que passeiam rente ao precipício e que por vezes param, pensativos, a olhar para algo indefinido e se sentam, perdidos nos seus pensamentos. Don veste-se, desce as suas escadinhas, atravessa a estrada e interpela essas pessoas. Com o seu maior sorriso, pergunta-lhes se morrer é realmente a melhor opção. Ouve-as, fala com elas, em última instância, pergunta-lhes se estão interessadas em entrar na sua humilde casa para beber uma bebida quente e receber algumas palavras de conforto. Algumas aceitam. Outras sentem demasiada dor, e quando Don chega ao sítio onde as viu, encontra apenas a tristeza de saber que terá de contactar as autoridades para vir recolher um corpo. Já perdeu muitas por um bocadinho, por não as conseguir agarrar ou por os seus olhos azuis não conseguirem transmitir segurança a corações irremediavelmente despedaçados.

Foi encontrada uma carta de um senhor que se suicidou na ponte em Londres, que dizia: "Eu vou sair agora de casa, se até chegar à ponte alguém me sorrir eu não vou ter coragem de o fazer". A verdade é que ele o fez. Muitas pessoas não pretendem morrer, pretendem que o sofrimento desapareça, que a dor se apague e não encontram outra solução. Don deu esse sorriso a muitas pessoas que pretendiam fazê-lo. Em troca, as pessoas que ele conseguiu salvar, enviam-lhe prendas, cartas a agradecer por ter salvo as suas vidas, garrafas de champanhe, fotografias, postais que lhe asseguram que as coisas estão a correr bem. Em 45 anos, Don e Mary já salvaram para cima de 400 pessoas no precipício em frente de sua casa. Don diz que as que não conseguiu salvar não o assombram, fez o melhor que pôde e sente-se feliz por saber que tem a oportunidade de ajudar. Foram ambos recentemente homenageados com o prémio de citizen of the year. É bom saber que os anjos realmente existem =)

Saudações da Anita

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