Faleceu o José Saramago. Sinto muito orgulho nele sem dúvida. Tenho pena que nunca tenha sido recíproco e que ele tenha decidido viver em e para o estrangeiro. Ele tinha 87 anos, viveu uma vida super interessante, conseguiu provar ao mundo que era bom no que fazia e encontrou o amor da sua vida, acho que isto não e motivo de tristeza pelo facto da sua morte, o correcto é celebrar o génio que ele foi e o que conseguiu atingir.
Gostava de vos falar de duas coisas que achei curiosas, e que vi nos telejornais. Foram à terra onde Saramago nasceu, ali no concelho da Golegã, onde um senhor da mesma idade que ele se mostrava indignado por nenhuma parte das suas cinzas ter regressado à terra onde nasceu. E aqui acabaram as coisas boas que o senhor tinha para dizer em relação a Saramago. Nasceram na mesma altura, conheciam-se e a partir daí, como ele era pobre e teve pela primeira vez um par de sapatos no dia em que se casou,era injuto o Saramago ser famoso e ter dinheiro. Mas isto só porque os pais de Saramago o ajudaram a vir para Lisboa e educar-se ao contrário dos seus que o fizeram trabalhar toda a vida. Chamou-o ingrato porque quando ia à Golegã, fazia de conta que não o conhecia e mais umas críticas fervorosas do género. A jornalista perguntou-lhe até se ele gostaria de trocar de vida com Saramago, ao que o senhor respondeu: claro, nem pensava duas vezes, mesmo já tendo morrido.
Gostava também de falar de Pilar del Rio. Esta senhora não verteu uma lágrima. O amor da sua vida morreu perante os seus olhos, provavelmente nos seus braços, e ela manteve-se intocável. Eu não consigo imaginar a dor pela qual ela está a passar, mas imagino que seja absolutamente dilacerante. Eu falo como pessoa que tem ao seu lado alguém que ama e que acha absolutamente inconcebivel a vida sem ela. Agora imagino uma vida tão perfeita e de devoção um pelo outro como ela e Saramago tinham e saber que ela teve de presenciar essa pessoa e essa vida a desaparecerem em frente a si, sem poder fazer nada. Parte-me o coração.
Agora coisas boas. Tinha um rascunho preparado para publicar, sobre o patriotismo falso dos portuguess no que toca ao futebol. Falso, não no sentido de não existir, mas sim no sentido de se afirmar especialmente quando Portugal ganha alguma coisa. Goleámos a Coreia do Sul e, apesar de não ser uma adepta fervorosa (nem vejo os jogos), confesso que nasceu em mim alguma esperança que podemos ainda fazer qualquer coisa neste mundial. Claro que já perdi a esperança toda no jogo face ao Brasil, mas isso são só especulações baseadas em 44 anos de derrotas.
Saudações da Anita
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