segunda-feira, 14 de junho de 2010

O momento da execução: tirar uma licenciatura


Hoje vou vos falar, porque tem de ser, desta história da vida académica, que dá cabo da nossa vida pessoal...

É muito bom pensar que estou a tirar uma licenciatura de algo que gosto bastante, que até posso nem ter bem a certeza do que me trará no final, mas que me vai dar duas coisas que anseio há bastante tempo: um traje e um canudo. Ah, era suposto eu querer mais? Mas tipo o quê? Prestígio? Honra? Conhecimento muito além do que eu tenho? Eu podia dizer que realmente anseio por tudo isso, mas a verdade é que até agora, trouxe-me acima de tudo falta de tempo, falta de espaço, stress, despesas atrás de despesas, dores de cabeça, preocupações e problemas familiares. Aos fins de semana, queremos ir para todo o lado, mas quando não temos trabalhos para fazer, temos de estudar, quando não temos de estudar, um de nós está exausto, quando um de nós não está exausto, está doente, quando não é nenhuma destas situações, ou temos problemas com a família, porque nunca estamos ao pé deles, ou está a chover a potes, ou discutimos porque não temos tempo para nada. É uma grande prova de sobrevivência esta licenciatura.

Depois vem a época dos exames. Só quem passa por ela é que sabe o que é. Um mês inteiro a ter cabeça e a não ter ao mesmo tempo, para apenas uma coisa, a revisão de tudo o que foi dado ao longo do semestre (de 4 meses). É matéria muito parecida, mas com pequenas diferenças cruciais, que nos fazem escorregar com a maior das facilidades sem saber sequer porquê. É o stress de ficar em casa ou ir para a faculdade, a esperar que chegue a hora da execução. Ser sentada no lugar indicado, que geralmente é a primeira cadeira, graças ao meu nome (não que me chateie, porque gosto de fazer os exames em sossego), sair do exame muitas vezes sem perceber se dá para passar ou se foi um completo desastre. Ás vezes saímos da sala a pensar que foi bestial e quando chegamos cá fora e começamos a conversar com os colegas, percebemos que fizemos uma serie de erros, muitas vezes de atenção e vamos para casa completamente nas lonas e pior ainda, já a pensar no próximo exame.

Depois vem a espera infinita. Esperar pelas pautas, esperar por saber o que se passou. E muitas vezes a tristeza de chegar ao placard e saber que temos de fazer tudo de novo. Que o esforço imenso que fizemos não foi suficiente. Que o período de férias tem de ser alterado porque vamos ter de repetir os exames nessa altura. Tentamos lembrar de tudo o que possamos ter feito errado. E chegamos sempre à mesma conclusão, foi da falta de tempo, foi da quantidade de matéria, foi do professor que não gosta de nós, foi do exame que era muito grande. Mas sabemos no fundo que a culpa é nossa.

Aguardo ansiosamente o momento de queimar as minhas fitas, mas também de queimar tempo a fazer o que bem me apetece e não que trabalho será o próximo, ou que apontamentos tenho de resumir. A fazer só o que me apetece, com um canudo na mão.

Saudações da Anita

1 comentário:

  1. Ora bem...
    A vida de trabalhadora também não é muito boa. Temos um patrão sempre em cima à espera de resultados, (no meu caso...) tenho trabalho todos os dias e dezenas de pimpolhos à minha volta a salivar por coisas novas, o stress de ter de me por no lugar dos putos para ver se as actividades são apelativas, o stress de ter horários a cumprir, a hipocrisia de ter de sorrir até às pessoas mais cabrestas que podem existir, a falta de tempo para mim porque existem prazos para cumprir, as reuniões irritantes em que, lá está, temos de manter sempre uma cara sorridente e mais não digo ...

    A vida trabalhadora também é dose ...
    =)
    beijinho grande
    Cátia (faculdade de letras)

    ResponderEliminar